Armas ou Manteiga: a economia do Espaço
Julho 31, 2014
Vera Gomes
A Economia sempre afectou a exploração espacial e sobretudo os voos espaciais. O custo enorme das missões espaciais faz com que mesmo as nações mais ricas do mundo tenham cuidados redobrados no planeamento das suas atividades. O número de missões tecnicamente viáveis e que no entanto, não se concretizaram por falta de financiamento são muitas. Até o momento, apenas três países têm a capacidade de lançar astronautas em órbita.
O simples custo do voo espacial é uma realidade inegável, apesar dos esforços contínuos para tornar o voo espacial mais barato. Mas a economia também é subjetiva e social. Quanto é algo realmente vale a pena? Embora o custo exacto de um veículo de lançamento possa ser calculado relativamente bem, o valor de voo espacial ao público é muito menos fácil de determinar e muito mais volátil. Não é nenhum segredo que os governos aestao a reduzir gastos para conter o crescente nível de endividamento e compensar a redução das receitas fiscais. O voo espacial é afectado por este facto, tanto quanto outras formas de aplicaçao do dinheiro público. Mas as consequências sociais desta onda global de incerteza económica afectará os voos espaciais de outras formas. A comunidade espacial deve considerar a opinião pública com cuidado assim como os planos para os anos vindouros.
Na década de sessenta, o voo espacial foi bem financiado por razões políticas e estratégicas, bem como a enorme busca de aventura. Todos esses factores desvaneceram-se rapidamente (o último voo tripulado à Lua aconteceu em 1972). Mas os tempos mudaram mais uma vez. A crise financeira global prejudica muitas pessoas. As pessoas e lutam apenas para obter as necessidades básicas da vida. A psicologia e o sentimento do público pode ser muito menos favorável à realização de voos espaciais do que a comunidade espacial quer reconhecer.
O clássico dilema económico conta a história de uma divisão das despesas entre manteiga e armas. Gastar mais dinheiro num implica que há menos para ser gasto no outro. Este é um jogo de soma zero, com base na luta por uma parte de uma quantidade finita de capital. Voos espaciais patrocinados pelo Governo encontra-se ligado a este dilema. Este tem sido sempre o caso. No entanto, um número crescente de pessoas agora preferem ver as suas forças policiais com mais armas e mais manteiga para alimentar as suas famílias do que foguetes.
Não importa os benefícios reais do voo espacial, que incluem retornos económicos, spin-off de tecnologia e empregos: é tudo uma questão de percepção. "Destruam as rampas de lançamento e tudo irá melhorar" é uma opinião que se vai tornando cada vez mais generalizada e que se torna bastante apelativa quando as pessoas estao desesperadas para encontrar soluções para os problemas da sua vida e do seu país Como nada mais parece funcionar, então esta hipotese é mais uma que vale a pensa tentar.
Enquanto ninguém espera que os níveis grandiosos dos gastos na exploraçao espacial dos dias da Apollo voltem num futuro próximo, há um perigo real de que o pânico social e político posso atacar a existência dos voos espaciais. O público está com raiva. Políticos e activistas poderiam ressuscitar a mesma retórica que tão bem serviu no passado. Prontos ou não, devemos, pelo menos, estar cientes das ameaças que se escondem além dos torneios de braço de ferro habituais.
(artigo parcialmente traduzido daqui)