Crédito: NASA
Muitas pessoas se questionam sobre onde o espaço começa. Geralmente a resposta que vem à cabeça, é algo relacionado as propriedades físicas que se alteram em determinada altura. Outros, viajando a menos tempo nos seus pensamentos sobre o espaço, podem simplesmente deduzir, que o espaço começa, onde tudo deixa de ficar azul e começa a se tornar preto. Independentemente de qualquer dedução, onde de fato, pode-se considerar como o início do espaço?
A resposta para a pergunta acima, oficialmente é: Não se sabe onde exatamente o espaço se inicia. Durante muitos anos foram diversas as discussões sobre o tema. Uma das primeiras discussões acerca do tema registradas, ocorreu entre o embaixador Goldberg e o Senador Bourke B. Hickenlooper, ambos dos Estados Unidos. Quando o Senador questionou, de forma irônica, o Embaixador em uma das sessões do congresso dos EUA em 1967 em relação a ausência de uma definição do espaço, o embaixador respondeu:
Isso me faz lembrar do meu colega, Potter Steward-Juice do Supremo Tribunal, que me disse uma vez enquanto discutíamos a grande questão sobre o que é obsceno ou pornográfico: “Eu não posso definir isso, mas sei quando eu vejo”. Talvez a mesma regra apareça aqui. Nós sabemos que o espaço que o espaço fica além daqui.
A falta de uma definição oficial e universal sobre o início do espaço, não ocorreu pela recorrência do humor duvidoso de embaixador Goldberg. Ela simplesmente não existe, pois, além das propriedades físicas que poderiam definir o espaço, mudarem constantemente impossibilitando uma definição exata, os Estados não sabem exatamente quem irá ganhar mais ou menos com essa definição. Diversos autores e até mesmo o governo americano, disparam que não é necessária uma definição sobre onde se inicia o espaço, pelo fato da ausência dessa definição não ter trazido problemas até então.
Com os avanços tecnológicos, a ideia de não se definir o espaço, fica cada vez mais nebulosa. Os projetos das naves Horus-Sanger e HOPE da Alemanha e Japão, respectivamente, desafiam a ausência de tal definição, pelo fato de realizarem decolagens e voos na horizontal, mas em grandes altitudes. Nesse caso, surge a questão sobre se determinadas tecnologias estão ou não transpassando o espaço aéreo de outras nações. Diferentemente do que ocorre em relação aos satélites, que orbitam livremente sobre a Terra. A questão é, em que ponto um espaço aéreo deixa de o ser, para se tornar espaço?
Apesar de tal conceito não ser concebido de forma universal e oficial, diversas agências e órgãos, como a NASA, Força Aérea Americana (USAF), Fédération Aéronautique Internationale (FAI), US Aeronautic Association entre outras, se utilizam de suas próprias definições operacionais. O Linha de Kárman é o ponto onde a velocidade necessária para manter a altitude é igual à velocidade de escape. Tanto a NASA como a FAI, consideram essa linha como um divisor. Se você passar dessa linha, a aeronáutica se torna astronautica e você será considerado um astronauta.
Uma possibilidade que chegou a ser apontada como uma solução da invasão de espaço aéreo para essas naves, foi a adoção de uma política de “céu aberto” entre todos os Estados. Com os atentados de 11 de setembro e a insegurança internacional, tal medida se torna ainda mais complicada de ser aceita. Dessa forma, talvez o foco no momento deva ser até onde o espaço pode nos levar, pois onde ela se inicia, parece um ponto complicado demais para o momento.
Texto de Andreas Markus Wolter, entusiasta da exploração espacial e investigador em Astropolítica e Relações Internacionais. Trabalha como analista de comércio internacional na Federação das Indústrias de Santa Catarina no Brasil.