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Astropolítica

"Se se pudessem interrogar as estrelas perguntar-lhes-ia se as maçam mais os astrónomos ou os poetas." Pitigrilli

Astropolítica

"Se se pudessem interrogar as estrelas perguntar-lhes-ia se as maçam mais os astrónomos ou os poetas." Pitigrilli

A história secreta dos U-2

Agosto 22, 2013

Vera Gomes

Nos últimos dias tem-se escrito muito sobre os documentos declassificados pela CIA que revelam a existência da Área 51 mas não de extraterrestres. Um dos pontos qee não tem sido abordado, e vale a leitura aqui,  está relacionado com o uso dos U-2, aviões que os EUA usaram na Guerra Fria para recolha de imagens sobre território inimigo.

 

A queda do U-2 de gary Powers em Maio 1961 acelerou o desenvolvimento de programas de satélite que fizessem a recolha de imagens sem o risco de ser abatidos ou descobertos pelos inimigo. Deixo aqui um excerto da minha tese de Mestrado em que abordo a importância do U-2 e a transição para o uso de sistemas de recolha de imagens por satélite.

 

 

 

"A estratégia da Guerra Fria de Eisenhower passava por covert actions. Durante a II Guerra Mundial, Eisenhower ganhou uma paixão por imagery intelligence que se refletiu na sua presidência.[1] Desde o início do seu mandato que Eisenhower tentou desenvolver a intelligence americana e a recolha de imagens. Apesar de reconhecer que o foto-reconhecimento por satélite seria muito mais benéfico, assumiu-se que os problemas tecnológicos, incluindo o desenvolvimento de veículos de lançamento viáveis, iriam adiar o funcionamento do sistema até meados de 1960, na melhor das hipóteses. Por esse motivo, a administração Eisenhower apostou em projetos de aviação avançados, começando pelos U-2 e depois avançando para um avião espião supersónico, quando se aperceberam que os U-2 poderiam ser detetados pelos radares soviéticos.[2]

 

Apesar de Eisenhower considerar as missões dos U-2 de extrema importância, estava ansioso por uma solução alternativa de recolha de dados de modo a limitar a provocação ao Kremlin. Por esse motivo, mostrava-se bastante relutante em autorizar tantas missões quanto Richard Bissel[3] queria. [4] A principal missão dos U-2 era procurar e monitorizar a produção de ICBM e o desenvolvimento de instalações de energia atómica em território soviético.[5]

 

Devido à sua aposta em satélites de reconhecimento, a CIA tornou-se interessada no Vanguard. Em finais de 1956, Bissel apercebeu-se que o esforço americano para chegar ao espaço estava aquém das capacidades soviéticas. Eisenhower considerou que um satélite lançado no decorrer do Ano Geofísico Internacional iria fortalecer a liberdade dos céus numa altura em que os Estados Unidos secretamente estavam a desenvolver aviões e satélites espiões para fazer reconhecimento da URSS.[6]

 

Em 1960, as missões do U-2 sobre solo soviético terminaram abruptamente quando um dos aviões foi abatido a 1 de Maio.[7] O plano de voo deste U-2 pilotado por Gary Powers dar-lhe-ia a possibilidade de fotografar a nova base de mísseis soviética em Plesetsk, no nordeste do território soviético. Iria também sobrevoar a base nuclear de Tyuratam e o complexo de construção de bombas em Chelyabinsk. O tempo de voo daria imenso tempo para que os soviéticos detetassem o U-2[8], o que aconteceu quando ainda sobrevoava território afegão. Os soviéticos dispararam três mísseis SA-2 quando o U-2 de Powers sobrevoava a zona perto de Sverdlovsk.[9]

 

Eisenhower aprovou, a 3 de Maio, uma história de fachada para encobrir a real missão do U-2 abatido: “A NASA U-2 research plane, being flown in Turkey on a joint NASA – USAF Air Weather Service mission, apparently went down in the Lake Van, Turkey, area at about 9:00 AM, Sunday, May 1”[10].

 

Numa conferência de imprensa a 11 de Maio, Eisenhower abriu um precedente ao explicar publicamente a necessidade de atividades de intelligence em tempo de paz:

 

No one wants another Pearl Harbor. This means that we must have knowledge of military forces and preparations around the world, especially those capable of massive surprise attacks.

Secrecy in the Soviet Union makes this essential. In most of the world no large-scale attack could be prepared in secret, but in the Soviet Union there is a fetish of secrecy and concealment. This is a major cause of international tension and uneasiness today…

…Ever since the beginning of my administration I have issued directives to gather, in every feasible way, the information required to protect the United States and the free world against surprise attack and to enable them to make effective preparations for defense.”[11]

 

Khrushchev emitiu um comunicado e sublinhou que “this latest flight, towards Sverdlovsk, was an especially deep penetration into our territory and therefore an especially arrogant violation of our sovereignty. We are sick and tired of these unpleasant surprises, sick and tired of being subject to these indignities. They were making these flights to show up our impotence. Well, we weren’t impotent any longer”.[12] Georgi Zhukov, decano dos teoristas espaciais russos, avisou em Outubro de 1960 que desde que a URSS provasse que podia abater aviões espiões americanos, os Estados Unidos iriam apressar o desenvolvimento de novos métodos de colocar satélites em órbita. O tipo de informação fornecida por satélites espiões “can be of importance … solely for a state which contemplates aggression and intends to strike the first blow.”[13]

 

Em 1959, Eisenhower sublinhou que “the satellite, since it does not violate the air space,… represents the greatest future in the reconnaissance area[14]. A crise do U-2 expôs o comportamento impulsivo e errático que começava a ser característico em Khrushchev. A cimeira marcada em Paris para o mês seguinte manteve-se e apesar do líder soviético dar indicações que pretendia que a mesma se realizasse, reviu a sua posição: “I became more and more convinced that our pride and dignity would be damaged if we went ahead with the meeting as though nothing had happened[15].


Quando a conferência se iniciou, Khrushchev exigiu um pedido de desculpas formal pelo Presidente americano e a garantia de que os voos do U-2 tinham terminado. Contudo, Eisenhower não pediu desculpas, afirmou que os U-2 eram necessários e que iria pedir às Nações Unidas que fossem efetuados voos sobre território americano e soviético.[16]

 

A União Soviética ameaçou com ataques de mísseis a países como a Grã-Bretanha e Japão que acolheram e acolhiam os U-2, caso se verificassem quaisquer novos voos de reconhecimento a território soviético ou a países socialistas[17], [18].

 

A 18 de Agosto desse ano, os Estados Unidos lançaram com sucesso o satélite Discoverer XIV da base da Força Aérea de Vandenberg, começando uma nova era em imagery intelligence. Este satélite mostrou o primeiro de quatro ICBMs soviéticos operacionais.[19]"



[1] ANDREW, Christopher (1996), ibid., pp. 200-201

[2] TAUBMAN, Phillip (2003), ibid., pp. 227

[3] Richard Bissel foi o Chefe das Covert Operations da CIA na segunda metade da década de 1950.

[4] ANDREW, Christopher (1996), ibid., pp 243

[5] Idem, ibid., pp. 242

[6] DICKSON, Paul (2001), ibid., pp. 100-101

[7]ANDREW, Christopher (1996), ibid., pp. 243

[8] Este seria o 24º voo em território soviético e o segundo para Powers. Tratava-se da missão 4154, nome de código Operação Grand Slam. Powers já havia sobrevoado território chinês e pilotado o U-2 ao longo da fronteira soviética 6 vezes. A máquina que Powers pilotou fora reconstruída pela Lockheed após uma queda em 1959. Estava equipada com os mais recentes motores da Pratt & Whitney.

[9] TAUBMAN, Phillip (2003), ibid., pp. 305-307

[10] ANDREW, Christopher (1996), ibid., pp. 244

[11] Idem, ibid., pp. 248

[12] Idem, ibid., pp. 306.

[13] MCDOUGALL, Walter A., (1997), “The Heavens and the Earth – A Political History of the Space Age”, John Hopkins University Press, London, pp. 259

[14] GADDIS, John Lewis (1997), ibid., pp. 246

[15] Idem, ibid., pp. 246-247

[16] ALDRICH, Richard J, (2002), “The hidden hand – Britain, America and Cold War Secret Intelligence”, John Murray, London, pp. 536

[17] Estas ameaças foram efectuadas por Malinovsky a 30 de Maio e reiteradas por Khrushchev a 3 de Junho numa conferência de imprensa em Moscovo.

[18] Idem, ibid., pp. 537

[19] ANDREW, Christopher, ibid., pp. 249-250

Satélites e Guerra Fria

Maio 20, 2012

Vera Gomes

Durante a década de 70 foram negociados dois Tratados que mudaram o rumo da Guerra Fria: os tratados SALT. Além de implicarem uma redução de armamento nuclear e condições aos sistemas anti-míssil, realçaram a importância da vigilância via satélite. O CORONA e o ZENIT tiveram uma importância crucial durante e após as negociações. 

 

Fica aqui uma citação de Richard Helms (Director da CIA de 1966 a 1972) que revela isso mesmo: a importância dos satélites nas negociações.

“President Nixon, for example, has told me, “If you can’t verify an arms control treaty, we’re not going to hold any arms control negotiation. (…) One of the pivotal points of the negotiations rested on mutual verification; we were trying to match the Soviet’s figures with ours, Fortunately, the Soviets said they’d agree to use our projections about their forces, which we had, unbeknownst to them, compiled using CORONA. So, in other words, CORONA produced the arms control statistics that we used to resolve the SALT I negotiations.”

Sugestão de leituras

Março 13, 2012

Vera Gomes

A Space Review desta semana traz dois artigos interessantes escritos pelo Dwayne A. Day.

O Dwayne, que tem dedicado grande parte da sua carreira à história da intelligence, tem passado os últimso meses a analisar uma série de informação da época da Guerra Fria que foi desclassificada. E, de vez em quando, escreve para a Space Review sobre essa informação.

 

Porque por vezes é importante olharmos para o passado para compreendermos o presente e para onde vamos no futuro, deixo-vos aqui estas duas sugestões de leitura:

"The sounds of distant thunder: American intelligence collection on the Soviet space shuttle program"

"Ferrets of the high frontier: US Air Force ferret and heavy ferret satellites of the Cold War"

 

China vs EUA

Janeiro 03, 2012

Vera Gomes

 

 

Há uns dias escrevi aqui que a China apresentou uma retrospectiva de 2011 do seu programa espacial chinês e que o mesmo inclui um plano a 5 anos do que a China pretende fazer.

 

Ontem, o editorial do Whashington Times aborda de uma forma interessante este plano chinês afirmando que a próxima corrida espacial será entre os EUA e a China, sendo que se prevê a China como vencedor. O empreendorismo espacial chinês contrasta com a falta de liderança por Barack Obama que ao contrário de Kennedy em 1961 não conseguiu criar um compromisso com a América para que a NASA de facto continuasse na vanguarda da exploração espacial.

 

Pelo contrário, para o Partido Comunista Chinês, o programa espacial é visto como sendo um factor critico no progresso económico e realização nacional. A China está a auto-comprometer-se para levar mais longe os voos tripulados e de fazer grandes avanços tecnológiocs, criando uma fundação para o futuro dos seres humanos no Espaço!

 

Caso para dizer que avizinha-se um 2012 cheio de novidades astro-espaciais!

 

 

 

Adeus Vaivém

Julho 10, 2011

Vera Gomes

Os EUA andam agora à boleia dos Russos até encontrarem uma solução de transporte espacial. Obama suspendeu a continuidade no desenvolvimento de outras formas de transporte. Em parte por em tempo de crise financeira e problemas domésticos internos para resolver (como o caso do aumento veloz de crianças sem abrigo) torna dificil explicar à população os milhões que se investem nesta área.

 

Sem sombra de dúvida que a descontinuidade do vaivém é uma mudança no paradigma da exploração espacial para os próximos anos. Nos últimos dias, muitos se desdobraram em previsões para o futuro. Fala-se muito na China como a próximo líder e o próximo país a colocar alguém na Lua. Espero que não esqueçam outros actores que têm ganho relevância nos últimos anos, por exemplo a Índia ou o Japão. Relembrar também que a ESA está a desenvolver um meio de transporte que poderá rivalizar com o Soyuz russo. 

 

Quem me conhece sabe que sempre defendi que aquilo que nos levou à Lua será aquilo que nos levará a Marte. E estou, obviamente a falar de contexto político e social. O facto das missões espaciais se terem tornado rotineiras, fez com que a sociedade perdesse o fascínio sobre a exploração espacial. E é essa falta de interesse que faz falta recuperar. Lou Friedman há pouco tempo referia isso mesmo e que o futuro da exploração espacial passaria pelas parcerias público-privadas. Verdade seja dita, com a saída da Nasa a indústria privada americana que tem feito esforços para conseguir um meio de transporte tem agora à sua disposição tecnologia e know-how que poderão ser fundamentais para o desenvolvimento da indústria. Espero que sim!

Inédito

Junho 02, 2010

Vera Gomes

Pela primeira vez na história, os EUA estão exclusivamente dependentes dos Russos para aceder à Estação Espacial Internacional. Isto porque o programa shuttle vou pela última vez no mês de Maio e neste momento os EUA não têm forma de acesso ao espaço. Há 25 anos atrás ninguém diria que este cenário seria possível!

 

Uma mudança na história espacial e politica destes dois países sem sombra de dúvida!

Alternativas de acesso ao espaço

Setembro 09, 2008

Vera Gomes

Ainda no seguimento da polémica em torno do acesso dos americanos ao espaço em geral e à ISS em particular, Taylor Dinnerman escreveu um artigo na Space Review sobre o assunto.

"Alternatives for human space access

by Taylor Dinerman
Tuesday, September 2, 2008

When President Kennedy announced that America was going to the Moon in 1961 he had a pretty good idea that the mission was doable with the decade. He was lucky that his predecessor, President Eisenhower, in spite of his skepticism towards the whole idea of a “space race”, had given the go ahead to Wernher von Braun and his team to begin work on the giant F-1 rocket engines that would power the Saturn 5. The ability to put 120 tons into low Earth orbit (LEO) in one go was an essential part of the Apollo Moon program.

 

The alternative, to slowly assemble a Moon vehicle in orbit, was rejected. Today NASA’s plan for an affordable and sustainable Moon, Mars, and beyond program relies on a new set of systems, the Ares 1 and Ares 5 launch vehicles and the Orion capsule. If these systems work as planned the US will be able to deliver substantial payloads to the lunar surface and eventually be able to shuttle astronauts and cargo back and forth.

 

Keeping the shuttle alive will cost anywhere from four to five billion dollars a year in additional spending, even if they launch only two or three times a year. Bumping NASA’s overall budget to 23 billion dollars or more may not be politically feasible.

It will take considerable time and money to develop these systems, but time may be the one thing that US politicians do not want to give the space agency. Russia’s invasion of Georgia has changed the situation and even without a future crisis it will be very hard for NASA to ask Congress to fund future Soyuz flights for US passengers to the International Space Station after the existing deal runs out in 2011.

 

Senator and presidential candidate John McCain, and others, have asked NASA and President Bush to do nothing that would jeopardize the ability of the next President to continue to fly the Shuttle until the Ares/Orion system is ready in 2015. If McCain or Barack Obama decides to take this path, it will cost anywhere from four to five billion dollars a year in additional spending, even if they launch only two or three times a year. Bumping NASA’s overall budget to 23 billion dollars or more may not be politically feasible. Getting the extra money needed to keep this option open within the next few months looks exceptionally difficult: Congress would probably have to return after the election and vote either on a supplemental budget or pass a fiscal year 2009 budget with the appropriations needed to keep building the Shuttle tanks at Michoud in Louisiana.

 

There has been speculation that the US may seek to buy transportation from China to the ISS using their Long March/Shenzhou combination. In the past this has been rejected for mostly political reasons. China’s lack of transparency about their space program is also a factor in the US reluctance to consider this alternative. Even if China has a successful first flight of its Long March 5 rocket in 2010, as currently planned, it will be take at least two or three successful manned test flights before the US would be willing to risk American lives on this vehicle.

 

The Long March 5 is intended to be a vehicle in the EELV or improved Ariane 5 class capable of putting a total of more than 25 tons into LEO. If it works this will be an impressive achievement. It is a sign of just how far China has come, this will be by far the most power launch vehicle ever built by an Asian nation.

 

There are a number of possible US alternatives, but none of them has been proven. Many in the space industry were hoping that SpaceX’s Falcon 9/Dragon capsule would be ready to compete for an as yet unannounced award for Capability D (human spaceflight) of NASA’s Commercial Orbital Transportation Services program. The failure of the Falcon 1 launch last month was a big disappointment. They apparently have plans to try again as soon as late ths month, but after three failures they have a pretty steep hill to climb to gain the credibility needed to fly US astronauts as paying passengers in 2011, which is when the system would be needed.

 

The second COTS award has now gone to Orbital Sciences Corporation, who plans to use their new Taurus 2 launcher that is supposed to make its first test flight in 2010 and a Cygnus capsule to deliver cargo to the ISS. They hope to fly their first operational mission out of Wallops Island on the Virginia coast sometime in 2012. While intended solely for cargo missions, Cygnus could perhaps be converted into a manned spacecraft.

 

An interesting alternative might be to try and fit a Dragon or Cygnus capsule atop an EELV or even a Delta 2. This would take a lot of testing and certainly a lot of investment, from the government as well as from industry. There has also been talk that the Boeing X-37 spaceplane might be adopted for this mission. The situation that the next President and Congress will face is a tough one, but if they have the right combination of guts and imagination they can take this lemon and make lemonade.

It will be pretty expensive keeping the Shuttle flying for a few more years and financing a new alternative manned space vehicle based on the COTS D program, but if the Congress refuses to buy any more seats on Soyuz the US government may not have any real choice.

As the US and its partners build a permanent Moon base they will want to have multiple ways of getting there and back. The US has a number of ways to get to its bases in Antarctica; it should be the same with the Moon. Building an alternative system based on either Dragon, Cygnus, or X-37 will provide that security. One, or maybe more, of these spacecraft and their launchers will also provide access to private space facilities such as Bigelow’s space hotel project.

 

It will be pretty expensive keeping the Shuttle flying for a few more years and financing a new alternative manned space vehicle based on the COTS D program, but if the Congress refuses to buy any more seats on Soyuz the US government may not have any real choice. They should make the best of it."

 

(artigo disponível em: http://www.thespacereview.com/article/1201/1)

Geórgia e o Espaço

Setembro 05, 2008

Vera Gomes

O Universe Today noticia que os astronautas americanos poderão abandonar a ISS em 2012 por causa da legislação americana existente que dificulta o pagamento aos russos, uma vez que a excepção existente apenas está vigente até 2011. É por isso necessário que o Congresso Americano aprove um prolongamento dessa excepção legislativa por forma a que a NASA possa pagar à Agência Espacial Russa os lugares do Soyuz.

 

O próprio Michael Griffin admite que depois do conflito na Geórgia, dificilmente o Congresso Norte-Americano irá prolongar essa autorização.

 

Para saber mais, clique aqui.

Nasa avalia possibilidade de os vaivéns poderam voar até cinco anos depois do previsto

Setembro 01, 2008

Vera Gomes

O máximo responsável da agência espacial norte-americana Nasa, Michael Griffin, solicitou um relatório para avaliar quais as opções possíveis para que os vaivéns espaciais voem até 2015, mais cinco anos do que o previsto.

 

O pedido consta de um e-mail interno da Nasa a que o jornal norte-americano Orlando Sentinel teve acesso.

 

«O Administrador (M. Griffin) pediu aos responsáveis do programa dos vaivéns, da Constellation (o programa que vai suceder aos actuais vaivéns) e do programa da Estação Espacial Internacional (ISS) para que apresentassem opções com vista a prolongar os voos dos vaivéns até 2015», escreveu John Coggeshall, director de planeamento do Centro Espacial Johnson (no Texas) no e-mail enviado quarta-feira.

 

«Queremos concentrar-nos na forma de eliminar o fosso (entre 2010 e 2015) no que diz respeito ao acesso de astronautas norte-americanos ao espaço», acrescenta Coggeshall nos excertos do seu e-mail publicados pelo Orlando Sentinel.

 

Um porta-voz da Nasa confirmou a autenticidade do e-mail, minimizando no entanto a notícia.

 

A opção de prolongar os voos dos vaivéns espaciais é «prematura», uma vez que a Nasa ainda nem concluiu os estudos para tomar essa decisão, declarou o porta-voz John Yembrick.

 

«O nosso objectivo, naturalmente, por enquanto mantém-se: deixar de utilizar os vaivém em 2010», acrescentou.

 

No entanto, os estudos pedidos por Griffin podem significar uma mudança da política espacial norte-americana, com a entrada de um novo presidente e de um novo Congresso em Janeiro de 2009.

 

Em 2004 a administração Bush decidiu retirar das missões de voo os três vaivéns a partir de 01 de Outubro de 2010, uma vez finalizada a construção da ISS, financiada em grande parte pelos Estados Unidos.

 

Os quatro mil milhões de dólares de poupança por ano que significaria esta medida permitiriam aos Estados Unidos financiar o desenvolvimento do programa Constellation, com a cápsula Orion, que deverá suceder aos vaivéns.

 

Isto sem aumentar o orçamento anual da Nasa, que se estima ser de cerca de 17 mil milhões de dólares.

A Orion não estará pronta a voar antes de 2015, o que faz com que durante cinco anos os Estados Unidos dependam exclusivamente das naves Soyouz russas para que os seus astronautas cheguem à ISS.

 

Mas as recordações da Guerra Fria, que a recente crise na Geórgia tornou bastante mais vívidas, inquietam vários congressistas norte-americanos, que dizem agora - e abertamente - que querem mais opções quanto à forma de evitar que o acesso dos astronautas americanos ao espaço entre 2011 e 2015 dependa exclusivamente da «boa-vontade» de Moscovo.

 

O senador John McCain, candidato republicano às presidenciais de Novembro, pediu na semana passada - numa carta enviada à Casa Branca - para que Bush adie em pelo menos um ano a decisão de acabar com o programa dos vaivéns espaciais, de forma a manter mais uma opção em aberto.

 

O seu rival na corrida à Casa Branca, o democrata Barack Obama, propôs recentemente aumentar o orçamento da Nasa em dois mil milhões de dólares.

 

(in Sol Online)

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