Lançadores Pesados
Setembro 13, 2005
Vera Gomes
A falta de dinheiro que a Rússia sente no seu programam espacial é especialmente gritante quando se vê o mais poderoso lançador pesado do mundo parado sem ter uso. O sistema Energia, capaz de colocar na órbita baixa da Terra entre 120 a 175 toneladas, está a ganhar pó. Inicialmente criado para carregar a Mir-2 para o espaço, acabou por ser utilizado aquando do lançamento dos Buran, os shuttles russos, que por falta de fundos acabaram por ver o programa cancelado.
De facto o Buran era uma excelente alternativa ao shuttle americano e, aparentemente, melhor, já que podia levar mais carga. Mas a questão aqui é outra. Com um sistema capaz de colocar em orbita 175 toneladas, leva-me a pensar que já existe como lançar uma missão bem ambiciosa à Lua e/ou Marte mas, aparentemente, ninguém está interessado em cooperação. Será que a ESA ou a NASA não querem pedir aos Russos para participar com o Energia ou ajuda-los a usar o ressuscitar o Buran (agora que o shuttle está condenado) ou será que a Rússia não deseja ver os seus segredos do Energia partilhados com a NASA ou ESA?
Pessoalmente penso que haveria muito a ganhar com uma cooperação a este nível. Por outro lado temos a questão estratégica do espaço. Quem tiver um sistema com o Energia, pode muito bem, com as condições e opções certas, tornar-se muito dominante no espaço e, talvez seja esse o segredo para esta questão, inclusivamente um dos primeiros voos do Energia foi para colocar o Polyus, um sistema da guerra das estrelas soviético, no espaço.
Se pensarmos que no mundo ocidental (EUA e EUROPA), principalmente, não existe nada mais poderoso que o Ariane V em termos de lançadores pesados, realmente quem detiver o controlo do Energia, pode muito bem, se quiser e/ou puder em termos financeiros, vir a dominar o espaço em termos estratégicos e mesmo comerciais Pergunto-me se algum dia o sistema voltará a voar. Veremos.
(por Nuno Coimbra - (Obrigada Nuno))