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Astropolítica

"Se se pudessem interrogar as estrelas perguntar-lhes-ia se as maçam mais os astrónomos ou os poetas." Pitigrilli

Astropolítica

"Se se pudessem interrogar as estrelas perguntar-lhes-ia se as maçam mais os astrónomos ou os poetas." Pitigrilli

Os meus dois centavos a respeito do Dia Internacional da Mulher na Ciência

Fevereiro 11, 2020

Vera Gomes

Escrito para o NUCLIO - Núcleo Interactivo de Astronomia e publicado no Portal do Astrónomo

 

Eu tinha cerca de 19 anos quando fui ao meu primeiro encontro de observação noturna. Era um encontro de astrónomos amadores, um grupo que se reunia todos os meses por ocasião da Lua nova para observar estrelas e planetas. Eu era a única rapariga no grupo. E a única da área de ciências sociais.

A minha paixão pelo espaço tinha começado uns anos antes, quando ainda frequentava a escola secundária. Nessa altura comecei a ler mais sobre estrelas e planetas; a internet acabava de chegar a Portugal e deu-me acesso a todo um novo mundo. Estava completamente fascinada pelas fotos do espaço, as curiosidades sobre os planetas e os livros de Carl Sagan. Ao longo do tempo, habituei-me a ser a única presença feminina nos eventos de observação noturna. Ouvi as preocupações da minha mãe acerca de estar no meio do nada com um grupo de homens: “faz o que tu quiseres, mas tem cuidado com as más línguas: afinal de contas, isto é uma vila muito pequena!”

A minha paixão pelo espaço continuou a crescer, e resolvi fazer a minha tese de Mestrado sobre Política Espacial. Tive de lidar com as piadas acerca do tema, o questionar constante sobre a minha escolha, o seu propósito e a sua utilidade para o meu país. Mas não desisti! E uns anos mais tarde, fui recrutada para trabalhar com os programas espaciais da União Europeia de navegação por satélite: Galileo e EGNOS.

Tal como nos encontros de observação noturna, habituei-me a ser a única mulher na sala na maioria das minhas reuniões, sobretudo se se debruçassem sobre temas mais técnicos, ou fossem reuniões de alto nível com alguns dos atores principais na área do espaço na Europa. A minha experiência pessoal é apenas o reflexo da desigualdade de género no sector do espaço.

O sector espacial tem profissionais altamente qualificados por todo o mundo. Tem, principalmente cientistas e engenheiros, mas inclui também outras profissões de apoio onde existe maior representação feminina (por exemplo, gestão e apoio legal). A desigualdade de género no sector espacial não é algo novo. Tem persistido ao longo das décadas. As mulheres representavam cerca de 20% dos profissionais do espaço em 2016, o que está na mesma linha que os números… de há 30 anos! Este facto é também consequência da persistente baixa percentagem de raparigas e mulheres que escolhem estudar na área das ciências, tecnologia, engenharia e matemática.

Temos que ter presente que ciência e igualdade de género são vitais para alcançar os objectivos de desenvolvimento sustentável que foram internacionalmente acordados, incluindo os que estão definidos na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Em particular, o objectivo n.º 4 – educação de qualidade; objectivo n.º 5 – igualdade de género; e objectivo n.º 10 – reduzir as desigualdades. Nos últimos 15 anos, a comunidade global tem feito esforços para inspirar e empenhar mulheres e raparigas na ciência. Mas ainda há muito para se fazer!

Na minha opinião é importante o uso contínuo e sistemático de modelos, tanto femininos como masculinos, e continuamente mostrar exemplos positivos aos jovens. Isto é uma ferramenta importante para quebrar os estereótipos ligados às carreiras profissionais. O Espaço tem uma série de modelos excepcionais para oferecer, além dos suspeitos do costume: Valentina Tereshkova (primeira mulher no espaço), Svetlana Savitskaya (primeira caminhada espacial); Susan Helms (primeira mulher numa expedição à Estação Espacial Internacional); Claudie (André-Deshays) Haigneré (primeira astronauta e ex-ministra francesa); Mae Jemison (primeira mulher afro-americana a ir ao espaço); Eileen Collins (primeira mulher piloto e comandante do vaivém americano), e ainda assim os seus nomes não são do conhecimento geral  nem, em particular, do de outras raparigas e mulheres.

Também precisamos de promover soluções baseadas nos serviços e dados que o Espaço oferece como facilitadoras de um mundo mais aberto e inclusivo, e para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. O Espaço tem uma enorme contribuição a dar para tornar o mundo mais sustentável, justo e inclusivo. Por exemplo, o Espaço pode ajudar a reduzir desigualdades de género no que concerne a violência e tráfico humano.

Eu acredito verdadeiramente que o Espaço importa no que diz respeito ao direito das mulheres de beneficiarem da Ciência e da Tecnologia. O caminho a seguir deverá ser o de construir estratégias que assegurem que os benefícios espaciais estão de facto acessíveis a todos, e que o próprio sector espacial se torne mais inclusivo e mais diversificado. Isto, é para mim, a prioridade pela qual todos nós deveríamos lutar nos anos vindouros.

 

ENGLISH VERSION

I was around 19 years old when I attended my first stargazing event. It was a gathering of amateur astronomers that would meet every month, at the New Moon, to look at stars and planets. I was the only girl in the group. And the only one with a background in the social sciences.

My passion for space had started a few years earlier, when I was in high school. I started reading more about stars and planets; the “internet” was just arriving to Portugal and it gave me access to a brand new world. I was overwhelmed by the space photos, the fun facts about planets and Carl Sagan books. Over the years, I got used to being the only woman in stargazing gatherings. I heard my mum’s concerns about being in the middle of the woods with a group of men: “do what you want, but be aware of the gossip: it is a small village!”

My passion grew further, and I decided to pursue my Master’s thesis in Space Policy. I had to cope with the jokes about it; the constant questioning about my choice, its purpose, and how useless the topic I chose to study was for my country. But I did not give up! And a few years later I joined the European Satellite Navigation projects at the European Commission: Galileo and EGNOS.

Like in the stargazing gatherings, I got used to being the only woman around the table in most of my meetings, especially on those focusing on more technical aspects, or on high level meetings with space stakeholders. My personal experience is just a reflection of the gender gap in the space sector.

The space sector has highly skilled professionals around the world. It comprises mainly scientists and engineers, but it also includes other support professions in which women are better represented (e.g. business, legal). The gender gap in the space sector is not something new. It persisted for decades! Women represented only 20% of space industry employees in 2016, which is in line with the numbers of… 30 years ago! This is also a consequence of the persistently low percentage of girls and women pursuing studies in science, technology, engineering and mathematics.

We need to keep in mind that science and gender equality are vital for the achievement of the internationally agreed development goals, including the United Nations 2030 Agenda for Sustainable Development. In particular, goal number 4 – quality education; goal number 5 – gender equality; and goal number 10 – reduced inequalities. Over the past 15 years, the global community has made efforts in inspiring and engaging women and girls in science. But there is still much more to be done!

It is my opinion that it is important to use role models in a systematic manner, both male and female, and continuously set positive life examples for young people. This is an important tool to help in breaking gender-related career stereotypes. Space has outstanding role models beyond the usual suspects: Valentina Tereshkova (first woman in space), Svetlana Savitskaya (first woman to walk in space); Susan Helms (first woman in an International Space Station expedition); Claudie (André-Deshays) Haigneré (french politician and former astronaut); Mae Jemison (first afro-american woman to go to space); Eileen Collins (first female shuttle pilot and shuttle commander) – and yet their names are not well known to the public in general, girls and women in particular.

We also need to promote space-based solutions as enablers when it comes to making the world more open and inclusive, and for the achievement of the Sustainable Development Goals. Space has a huge contribution to give to make the world a more sustainable, fair and inclusive world. For example, space can help to combat gender inequality when it comes to violence and human trafficking.

I truly believe that space matters when it comes to the rights of women to benefit from science and technology. The way forward should be to build strategies that ensure that space benefits really reach one and all, and that the space sector itself becomes more inclusive and diverse. This is, for me, a priority that all of us should pursue in the years to come.

Procura-se: mulher israelita para ir ao Espaço

Julho 02, 2015

Vera Gomes

 

O Ministro da Ciência de Israel quer enviar uma mulher israelita ao Espaço. Danny Danon disse há duas semanas que pediu à Agência Espacial de Israel para iniciar a procura de uma astronauta, e discutir com a NASA a possibilidade de a incluir no voo de uma missão ainda não especificada. 

 

O único astronauta israelense, Ilan Ramon, morreu no vai e vém Columbia, em 2003.

 

Podem ler mais sobre a história de israel no Espaço, aqui.

Mulheres no Espaço - Karen Nyberg

Março 31, 2015

Vera Gomes

 

 

 

 

Karen LuJean Nyberg nasceu em Parkers Prairie a 7 de Outubro de 1969. É uma astronauta norte-americana, veterana de duas missões no espaço, feitas no vai e vém espacial e na nave russa Soyuz.

 

Formada em engenharia mecânica pela Universidade de Dakota do Norte em 1994, continuou os seus estudos na Universidade do Texas, em Austin, onde as suas pesquisas se focaram na termorregulação humana e testes e controlos experimentais do metabolismo. Este trabalho foi sua tese de doutoramento em 1998.

 

Karen trabalhou no Centro Espacial Johnson de 1991 a 1995. Após obter o doutoramento, assumiu uma posição na Divisão de Sistemas Termais trabalhando como engenheira de sistema no controlo do meio ambiente para modernizar os sistemas de controles térmicos das roupas espaciais e avaliar as tecnologias de arrefecimento das roupas. Criou desenhos conceituais de estudo dos sistemas de controlo termal para as futuras missões de pouso na Lua e em Marte e análises de um sistema de controlo de ambiente para uma câmara hiperbárica.

 

Foi selecionada para o programa de treino de astronautas da NASA em Julho de 2000, e após dois anos de treino e avaliação foi qualificada como especialista de missão, servindo na equipa de apoio a astronautas da Expedição 6, que passou seis meses a bordo da ISS, entre Novembro de 2002 e Maio de 2003. Em 2006 fez parte da equipa que participou da NEEMO 10, um exercício de simulação e treino em águas profundas, no laboratório submarino Aquarius, criado para ajudar a NASA a preparar tripulações para uma volta à Lua e eventuais missões tripuladas a Marte.

 

Nyberg foi pela primeira vez ao espaço como tripulante da nave Discovery namissão STS-124, lançada de Cabo Canaveral a 31 de Maio de 2008, para acoplar a segunda parte do módulo japonês Kibo. Participou numa segunda missão a 28 de Maio de 2013, quando foi lançada do Cosmódromo de Baikonur como tripulante da nave russa Soyuz TMA-09M para integrar as Expedições 36 e 37 na ISS. Regressou a 11 de Novembro de 2013, depois de 166 dias em órbita com a sua tripulação, pousando suavemente nas planícies do Cazaquistão.

Mulheres no Espaço - Stephanie Wilson

Março 31, 2015

Vera Gomes

 

 

 

 

Stephanie Diana Wilson nasceu em Boston a 27 de Setembro de 1966. É astronauta norte-americana, tripulante do vai e vém espacial Discovery, veterana de três missões do programa do vai e vém espacial.

 

Formada em engenharia aeroespacial pela Universidade de Harvard em 1988, Stephanie trabalhou na empresa Martin Marietta, - uma das grandes empresas de desenvolvimento de tecnologia aeronáutica e espacial dos Estados Unidos - como técnica em foguetes e cargas durante vôos espaciais. Após este período integrou-se ao JPL (Laboratório de Propulsão a Jacto), ligado à NASA, em Pasadena, Califórnia, onde participou da equipa de desenvolvimento e controlo da sonda espacial Galileo, que explorou Júpiter no fim dos anos 1990.

 

Após ser selecionada para a NASA em 1996, Stephanie integrou a missão de controlo e comunicação de astronautas no espaço (CAPCOM) no Centro Espacial Johnson, até ir ao espaço em 4 de Julho de 2006 como especialista de missão no Discovery. Este voo teve a duração de 12 dias, 18 horas e 36 minutos, completando 203 voltas à volta da Terra. Foi a missão que marcou o regresso do vai e vém ao activo após o desastre da nave Columbia, em 2003 (no ano anterior a Discovery havia realizado uma missão, comandada por Eileen Collins, mas a missão enfrentara problemas graves, pelo que a NASA decidira manter as naves sem voar por mais um ano).

 

Voltou ao espaço em Outubro de 2007 na missão STS-120 do Discovery, que acoplou o módulo científico Harmony na estrutura da Estação Espacial Internacional (ISS). Esta missão completou 15 dias no espaço e 238 voltas em torno da Terra.

 

Wilson foi pela terceira vez ao espaço a 5 de Abril de 2010, como especialista de missão da STS-131 do Discovery, uma missão de manutenção e instalação de equipamentos na ISS. Neste voo de 15 dias de duração e 238 voltas à volta da Terra, Wilson foi um dos tripulantes encarregados de manusear o braço mecânico do vai e vém para monitorar o seu sistema de protecção térmica com uma câmara de TV.

Mulheres no Espaço - Lisa Nowak

Março 30, 2015

Vera Gomes

 

 

 

 

 

Lisa Marie Caputo Nowak nasceu em Washington a 10 de Maio de 1963. É uma ex-astronauta e oficial naval norte-americana que foi ao espaço no vai e vém espacial Discovery em Julho de 2006, numa missão de teste, no segundo vôo do programa do vai e vém espacial após a tragédia com a nave Columbia, em 2003.

 

Lisa começou a interessar-se pelo programa espacial norte-americano desde os seis anos de idade, quando acompanhou a descida do homem na Lua e enquanto crescia seguiu com interesse a implantação do programa do vai e vém espacial, principalmente a introdução de mulheres astronautas no programa espacial, formando-se como engenheira aeroespacial em 1985. Depois graduou-se como piloto da marinha, acumulando mais de 1500 horas de vôo em trinta aeronaves diferentes antes de entrar para a NASA.

 

Em 1996 foi seleccionada para ser astronauta da NASA e qualificou-se como especialista de missão. Foi ao espaço em 4 de Julho de 2006, no regresso do vai e vém espacial às viagens orbitais, missão esta que incluiu uma estadia na Estação Espacial Internacional e diversas actividades extra-veiculares. Como primeira norte-americana de ascendência italiana a ir ao espaço, Nowak levou no peito uma pregadeira de ouro da Organização Nacional de Mulheres Ítalo-Americanas.

 

Em Fevereiro de 2007, Lisa Nowak - casada e mãe de três filhos - foi acusada de tentativa de sequestro, roubo de carro e destruição de provas em Orlando (Flórida). A astronauta perseguiu de Colleen Shipman, engenheira da agência, por ter uma relação com William Oefelein, astronauta e piloto da missão STS-116 da nave Discovery, que foi ao espaço em Dezembro de 2006 e vértice do triângulo amoroso.

 

Quando foi presa, Nowak trazia consigo uma faca, uma marreta de aço, luvas pretas, sacos plásticos, uma pistola e tubos plásticos. No seu carro a polícia também encontrou cartas de amor dela para Oefelein e emails entre ele e Shipman. 

 

Existe vária literatura sobre este caso. Deixo aqui duas sugestões:

- Fanning, Diane, (2007) "Out There: The In-Depth Story of the Astronaut Love Triangle Case that Shocked America", St. Martin's Paperbacks.

- Harbaugh, Pam (June 6, 2013). "Disgraced astronaut Nowak subject of new play". Florida Today. Retrieved June 6, 2013.

De Gaza para a NASA

Março 30, 2015

Vera Gomes

De Gaza para a NASA
 
NASA/RADISLAV SINYAK

 

Desde criança que a palestiniana Soha Alqeshawi queria ser astronauta. Hoje, é engenheira e uma das principais responsáveis pela nave Orion, projetada para transportar seres humanos ao espaço profundo.

 

A televisão mostrava o primeiro lançamento do vaivém Columbia, em 1981, e Soha Alqeshawi, uma criança na cidade de Gaza, onde nasceu, ficou fascinada. "Foi uma experiência inesquecível, aquela enorme quantidade de fogo e fumo. Desejei logo ser astronauta. Queria viajar numa nave e entrar no espaço sideral. A NASA concretizou o meu sonho ao abrirme as portas, primeiro do Space Shuttle e, depois, do Projeto Orion."

 

O sonho de Soha consumou-se, acima de tudo, porque foi encorajada a não desistir. "Somos uma família numerosa: pai, mãe e oito filhos", conta a engenheira palestiniana, numa entrevista à VISÃO, por e-mail. "O meu pai era contabilista e a minha mãe trabalhava em casa. Dedicou a vida a educar-nos e a orientar-nos para sermos o melhor que podíamos. Desde miúda que me ensinaram a importância da educação para realizar as minhas aspirações."

 

 

Muçulmana e mãe de família

"Os meus pais também deram o seu melhor para nos proteger dos efeitos do horrífico conflito que vivemos em Gaza", adianta Soha. "É uma vida sob medo constante e desespero. Tudo é incerto. A maior parte dos dias não temos acesso às necessidades básicas, como água e eletricidade. Frequentar a escola pode ser uma viagem perigosa. A morte espera-nos a qualquer passo. Tudo isto nos torna mais determinados."

 

Embora Soha fosse o único elemento da família que teve oportunidade de sair de Gaza para estudar e trabalhar nos Estados Unidos - não revela o ano nem como conseguiu sair do território (1,8 milhões de habitantes em 360 quilómetros quadrados) -, todos os seus irmãos e irmãs têm formação universitária, com licenciaturas em Ciência, Engenharia e Gestão de Empresas. O marido, também natural de Gaza, é doutorado em Engenharia Elétrica e trabalha igualmente para a NASA. Sobre ele, ela não deu mais pormenores.

 

Conquistada por Israel ao Egito na guerra de 1967, e quase arrasada numa ofensiva militar contra o movimento Hamas, em 2014, que causou mais de dois milhares de mortos, Gaza é, para muitos, sinónimo de "violência e pobreza", admite Soha. Mas ela questiona: "Saberão que o nosso povo está sujeito pelos ocupantes israelitas a um embargo e bloqueio desumanos [por terra, mar e ar, desde 2007]? A violência e a pobreza são-nos impostas. A riqueza de Gaza está na sua população, que é culta, trabalhadora e apaixonada pela vida. Sou apenas um exemplo simples do que pessoas motivadas e oprimidas podem fazer." E acrescenta: "A minha educação nos EUA foi a recompensa de um desafio. Ultrapassei as barreiras da língua e da cultura. Ser uma muçulmana que cobre o cabelo com um lenço [hijab] faz com que me olhem de forma diferente, mas nunca duvidei das minhas qualidades ou da religião nobre a que pertenço. Contei sempre com o apoio da minha família e do meu marido, em casa; dos meus professores, na faculdade; e dos meus chefes e colegas, no trabalho. A outras mulheres, eu digo que precisam de acreditar em si próprias antes de pedir aos outros que acreditem nelas."

 

 

Missão de alto risco

Soha reforçou a confiança pessoal quando, na Escola Bashir El-Rayes, em Gaza, obteve um Certificado de Educação Secundária Geral, equivalente ao currículo dos liceus nos EUA. "Segui depois para o Texas, para estudar na Universidade de Houston. Inscrevi-me, de início, em Ciências de Computação mas, depois, mudei para Engenharia de Sistemas de Comunicação. Terminei como a melhor aluna do curso. Após a licenciatura, a NASA ofereceu-me logo emprego, no projeto Space Shuttle. Não prossegui os estudos superiores para manter vivo este sonho de trabalhar num programa espacial."

 

Como engenheira sénior na Orion, Soha é responsável pela integração do software/ hardware e pelos testes que garantirão o bom funcionamento da próxima geração de naves espaciais. Coordena ainda o treino dos membros do seu grupo, a definição do tempo de testes e supervisão de todo o processo de integração para cada fase do voo. "Algumas das qualidades que me são requeridas são liderança, trabalho em equipa, dedicação total, disponibilidade para aprender sobre novos materiais, capacidade para resolver rapidamente problemas que surjam, sem erros, além de aptidão para enfrentar situações de stresse, engenho técnico e talento para comunicar." Em suma, múltiplas tarefas para que nada falhe: "Detetamos e reparamos todas as falhas, voltando a testar tudo para garantir a segurança e o êxito da missão. Durante estas simulações, testamos cada fase da missão desde o momento em que é lançada até à aterragem."

 

 

Rumo a Marte e mais além

"A Orion é a nave espacial de que a NASA precisa para poder levar seres humanos para o espaço profundo, durante longos períodos de tempo, e trazê-los de volta em segurança", especifica. "A 5 de dezembro de 2014 tivemos um bem sucedido Exploration Flight Test-1 (Teste-1 de Voo Exploratório) a mais de 4800 quilómetros de distância da Terra 15 vezes superior à da Estação Espacial Internacional. Esta missão terminou com a amaragem no Pacífico. A próxima etapa é a Exploration Mission-1, uma missão não tripulada que irá durar 22 dias e percorrer um total de 440 mil quilómetros no espaço profundo."

 

A palestiniana diz-se convencida de que "a exploração espacial está numa marcha avançada para a próxima era - a das longas missões a Marte, e mais além." Para que isto seja viável, ela trabalha "umas 10 a 11 horas por dia". Podem ser mais, durante testes formais ou testes de apoio à missão. "Com três filhos, é um desafio combinar as expectativas do emprego, mantendo, simultaneamente, uma vida familiar normal", confessa. "De início, foi difícil, mas sou afortunada por ter um marido que compreende a natureza do que faço, e está disponível para me ajudar em qualquer circunstância. Incentivada por ele, tenho sido capaz de combinar os compromissos e múltiplas tarefas da minha vida - e ainda ser capaz de fazer planos futuros."

 

Soha espera que a sua história seja uma inspiração. "Acredito que o envolvimento das mulheres na ciência e na tecnologia aumentou nas últimas décadas e, por isso, há mais oportunidades." O seu exemplo e ídolo é a diretora do Johnson Space Center (JSC) e antiga astronauta, Ellen Ochoa: "É uma das líderes que mais admiro. Uma mulher que se mantém no topo na área da ciência e engenharia e, ao mesmo tempo, está na liderança de uma grande organização como o JSC." E conclui: "Há sempre maneira de encontrar o sucesso. Aconselho todas as jovens e adultas a jamais deixarem que alguém lhes diga o que podem ou não podem fazer. A vida nunca é fácil mas, com determinação, os sonhos materializam-se, e chegamos aos lugares elevados que os nossos corações anseiam."

Mulheres no Espaço - Bonnie Dunbar

Março 30, 2015

Vera Gomes

 

Bonnie Jeanne Dunbar nasceu em Sunnyside a 3 de Março de 1949. Foi uma astronauta norte-americana veterana de cinco missões.

 

Dunbar participou em cinco missões do vai e vém espacial: em Outubro de 1985 no último voo bem sucedido do Challenger, a missao STS-61-A, que transportou o Spacelab; em Janeiro de 1990, integrou a missao STS-32, missão de resgate do Long Duration Exposure Facility (LDEF), que estava programado para ser resgatado na missão STS-61-I, mas que foi cancelado em virtude do fatídico acidente com o Challenger a 28 de Janeiro de 1986.

 

Na terceira missão, a STS-50, em 1992, foi comandante de carga de outra missão com o Spacelab. Participou também na terceira missão do programa russo-americano Mir-Shuttle, que realizou a primeira acoplagem entre uma destas naves e a estação orbital russa.

 

Finalmente fez parte da tripulação do Endeavour na missão STS-89, em Janeiro de 1998, que realizou mais uma acoplagem da naver norte-americana na estação espacial russa.

 

Deixou a NASA em Setembro de 2005.

 

 

Mulheres no Espaço - Nicole Scott

Março 29, 2015

Vera Gomes

 

 

 

 

Nicole Marie Passonno Stott é uma engenheira americano e uma astronauta da NASA. Ela participou como engenheira de voo na  Expedição 20 e Expedição 21 à Estaçao Espacial Internacional e foi especialista de missão na missão STS-128 e participou na caminhada espacial que ocorreu durante esta missão.  Em 2011, voou pela segunda vez como  especialista de missão na STS-133.


Stott juntou NASA no Centro Espacial Kennedy (KSC), Florida como Engenheiro de Operações na Facility Orbiter Processing (OPF) em 1988. 

Selecionada como um especialista de missão da NASA em Julho de 2000, Stott concorreu ao treino para astronauta em Agosto de 2000. Após a conclusão de dois anos de treino e avaliação, ela foi designada funções técnicas nno ramo de operações do Departamento dos Astronautas, onde realizaram avaliações da tripulação de estação de cargas. Ela também trabalhou como um astronauta de apoio e CAPCOM para a tripulação da ISS Expedição 10.

 

Em Abril de 2006, ela foi membro da tripulação da missão NEEMO 9 (operações de missão da NASA Extreme Enviroment), onde  viveu e trabalhou com uma equipa de seis pessoas durante 18 dias no habitat submarino de pesquisa Aquarius.


Em 21 de Outubro de 2009, Stott e seu companheiro de tripulação da Expedição 21, Jeff Williams, participaram no primeiro NASA Tweetup a partir da estação internacional com os membros do público que se reuniram na sede da NASA em Washington, DC. Isto implicou a primeira conexão ao vivo de astronautas para o Twitter. Anteriormente, os astronautas a bordo do vai e vém espacial ou da estação espacial internacional tinha enviado as mensagens que desejavam enviar como tweets para o Controle da Missão trerrestre que então os colocava no Twitter.

Mulheres no Espaço - Laurel Clark

Março 29, 2015

Vera Gomes

 

 

 

 

Laurel Blair Salton Clark nasceu em Amesa a 10 de Março de 1961 e faleceu a 1 de Fevereiro de 2003. Foi uma astronauta e médica norte-americana, tripulante do vai e vém espacial Columbia que se desintegrou na reentrada da atmosfera no final da missão STS-107, no dia 1 de Fevereiro de 2003.

 

Laurel Clark nasceu no estado de Iowa e desde a sua juventude sempre foi praticante de desportos de risco como mergulho, pára-quedismo, alpinismo e voo, além do gosto natural por aventuras, que a fazia sempre participar em acampamentos em regiões inóspitas e de viagens pelo país.

 

Laurel Clark frequentou o curso de medicina e formou-se em pediatria no Centro de Medicina Naval de Maryland, além de realizar treino de medicina em mergulho, tornando-se oficial médica de mergulho da Marinha e passando a integrar o esquadrão médico de submarinos, baseado na Escócia. Nesta posição, ela treinou com escafandristas e mergulhadores da Marinha e realizou várias evacuações médicas de submarinos dos Estados Unidos.

 

Com suas experiências e cursos subsequentes na Marinha e na aviação naval, tornou-se oficial médica de submarinos e cirurgiã naval de vôo, passando a integrar o esquadrão de ataque nocturno do Corpo de Fuzileiros como cirurgiã, praticando a medicina em condições extremas, atendimento médico através de paraquedismo, e graduou-se como piloto em diversos tipos de aeronaves.

 

Seleccionada para o grupo de astronautas da NASA em 1996, a Clark passou os dois anos seguintes em treino no Centro Espacial Lyndon Johnson, em Houston, Texas, até ser qualificada como astronauta especialista de missão em 1998, trabalhou em terra no escritório de cargas da NASA, avaliando, treinando a manipulação e estudando as cargas tecnológicas levadas ao espaço pelos vai e vém espaciais.

 

Em 16 de Janeiro de 2003 foi ao espaço pela primeira e única vez, como tripulante da nave Columbia, numa viagem de 16 dias, para uma missão científica de pesquisa que realizou mais de oitenta experiências em órbita terrestre. Ao fim da missão, em 1 de Fevereiro, a nave desintegrou-se na reentrada da atmosfera, matando todos os tripulantes.

 

Um vídeo registrado a bordo do Columbia, gravada poucos minutos antes da reentrada e recuperada nos destroços da nave após a tragédia, mostra aquela que talvez seja a mais comovente conversa da história dos vôos espaciais. Minutos antes da sua morte, o Centro de Controlo em Houston pede a Clark que faça uma pequena tarefa final, enquanto a nave reentrava na atmosfera terrestre. Ela responde que estava ocupada naquele exacto instante, mas que faria o que foi pedido dentro de um minuto, ao que o controlador em terra respondeu: “Não se preocupe, você tem todo o tempo do mundo”. É a última gravação da história do vai e vém espacial Columbia.

Mulheres no Espaço - Megan McArthur

Março 28, 2015

Vera Gomes

 

 

 

 

Katherine Megan McArthur nasceu em Honolulu a 30 de Agosto de 1971. É uma astronauta e oceanógrafa norte-americana.

 

Morou desde criança na Califórnia, graduou-se em engenharia aeroespacial em 1993 na UCLA e em 2002 tornou-se doutorada em oceanografia na Universidade da Califórnia em San Diego.

 

Selecionada para curso de astronautas da NASA em 2000, McArthur integrou, como especialista de missão, a tripulação da missão STS-125 do Atlantis, o último vôo do vai e vém espacial de manutenção do telescópio Hubble, lançado no dia 11 de Maio de 2009 para uma estadia em órbita de doze dias.

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